Até aonde vai essa famosa expressão “poder de compra”?
Até
que ponto se pode encomendar, avaliar,
medir, pesar... Julgar bom e necessário o suficiente para trocarmos por
dinheiro. E até que ponto se pode substituir a nossa própria presença? Terceirizar
nosso tempo?
Trocamos dinheiro por coisas prontas o tempo todo... Não
temos tempo. Não podemos cozinhar a própria comida, preparar o próprio suco,
muito menos cultivar e colher nossos vegetais. Não temos tempo e nem aprendemos
a costurar a própria roupa, a construir a própria casa, a planejar e construir
os próprios móveis.
Não temos tempo de criar. Compramos tudo criado, pronto,
feito. Os brinquedos brincam e fazem as brincadeiras sem que as crianças possam
imaginá-las. Os roteiros de viagens já foram cuidadosamente planejados. Os armários, aqueles com suas roupas e
lembranças preferidas, já foram organizados. Alguém já deu o alimento para o
seu filho, trocou suas fraldas e o colocou para dormir. Alguém planejou e
cuidou do seu jardim, alguém transou com alguém em troca de dinheiro...
Alguém irá cuidar de passear com os cachorros, eu pago para
isso.
Alguém irá arrumar a minha casa, eu pago para isso.
Alguém irá levar meus filhos na escola... Alguém irá brincar
com eles na praia...
Paga-se por momentos, paga-se por lembranças, por
experiências.
Não entendo até aonde o poder e dinheiro realmente podem
trazer o que chamamos de facilidade. O fato é que me assusta esse aviso
implícito nas ruas, sem que ninguém se choque, escrito em letras garrafais: "COMPRO SEU TEMPO, FIQUE COM MINHA VIDA. PAGA-SE BEM."
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