“A gastronomia e o céu combatem
ferozmente por cima de cada um dos teus dias, mas dentro de ti só vence quem
amas.” (Gonçalo M. Tavares - 1)
"Dentro de ti só vence quem
amas..."
"Só vence quem amas..."
"Só quem amas..."
E vence dentro de ti também o que
amas.
E as palavras propositalmente
organizadas para causar efeito (e quem sabe algum dano), se impulsionam no
pensamento que as fazem ecoar por horas. Instantes a fio pondo em xeque uma
definição que jamais se teve prova ou evidência. Quem inventou o amor se
pronuncie por favor em defesa de sua invenção.
Julgara até então que o amor
tinha natureza boa. A mesma natureza da paz e da felicidade.
Nada como uma
boa dose de inocência para estar tão enganada. Para estar olhando tão para
fora e sonhando com uma realidade
vendida que nunca houve, e nem haverá.
Ah mas o Gonçalo sabia... Sabia e
não teve coragem de dizer assim tão cruamente, tão fortemente. Tão alto que
acordasse esse sonho para os que ainda o fazem. Ele só falou baixinho,
sussurrando para quem sabe não ser ouvido nunca, com uma esperança escondida de
quem torce pelo próprio fracasso.
Sabe com a certeza de quem viu tudo
acontecer, e sentiu cada partícula da emoção do final de cada batalha travada.
Admitindo para si mesmo o quão forte é o que quer que se ame, e quão vã é a luta
de quem não acaba por assumir essa realidade.
No final das contas são fatos.
Fatos e resultados objetivos, como se tudo tivesse sido decidido a partir de
uma equação de segundo grau, com um final pré determinado. É causa e efeito, e
para tanto se torna boba toda a poesia desperdiçada.
São adornos demais para
uma ocasião efêmera? É o carnaval que talvez você se arrependa de brincar. Mas
que você precisa brincar também. Precisa e tem certeza. Sabe a causa e conhece
o efeito. E sabe a força, segue a direção, e se prepare para um fim positivo ou
negativo... Ou quem sabe não exato, não real... Final imaginário!
Antes não tivesse vencido nada.
Ou vencido apenas a felicidade. Antes não conhecido a face mais verdadeira, e
dura, e bela do amor.
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