terça-feira, 1 de setembro de 2015

Gonçalo LUCIDEZ Tavares



“A gastronomia e o céu combatem ferozmente por cima de cada um dos teus dias, mas dentro de ti só vence quem amas.” (Gonçalo M. Tavares - 1)
"Dentro de ti só vence quem amas..."
"Só vence quem amas..."
"Só quem amas..."
E vence dentro de ti também o que amas.
E as palavras propositalmente organizadas para causar efeito (e quem sabe algum dano), se impulsionam no pensamento que as fazem ecoar por horas. Instantes a fio pondo em xeque uma definição que jamais se teve prova ou evidência. Quem inventou o amor se pronuncie por favor em defesa de sua invenção.
Julgara até então que o amor tinha natureza boa. A mesma natureza da paz e da felicidade.
Nada como uma boa dose de inocência para estar tão enganada. Para estar olhando tão para fora  e sonhando com uma realidade vendida que nunca houve, e nem haverá.
Ah mas o Gonçalo sabia... Sabia e não teve coragem de dizer assim tão cruamente, tão fortemente. Tão alto que acordasse esse sonho para os que ainda o fazem. Ele só falou baixinho, sussurrando para quem sabe não ser ouvido nunca, com uma esperança escondida de quem torce pelo próprio fracasso. 
Sabe com a certeza de quem viu tudo acontecer, e sentiu cada partícula da emoção do final de cada batalha travada. Admitindo para si mesmo o quão forte é o que quer que se ame, e quão vã é a luta de quem não acaba por assumir essa realidade.
No final das contas são fatos. Fatos e resultados objetivos, como se tudo tivesse sido decidido a partir de uma equação de segundo grau, com um final pré determinado. É causa e efeito, e para tanto se torna boba toda a poesia desperdiçada. 
São adornos demais para uma ocasião efêmera? É o carnaval que talvez você se arrependa de brincar. Mas que você precisa brincar também. Precisa e tem certeza. Sabe a causa e conhece o efeito. E sabe a força, segue a direção, e se prepare para um fim positivo ou negativo... Ou quem sabe não exato, não real... Final imaginário!
Antes não tivesse vencido nada. Ou vencido apenas a felicidade. Antes não conhecido a face mais verdadeira, e dura, e bela do amor.

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